Blog do Abud

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sexta-feira, novembro 12, 2004

Chapa do DCE-USP

INSTINTO COLETIVO

Quadras e quadras e quadras "b boys" capoeiristas
Velhos sonhos, novos nomes na avenida
O folclore é hardcore, e ataca o nosso momento
Abre a roda quem tá fora e quem tá dentro participa
“Instinto Coletivo” – O Rappa
Estudamos numa universidade que se coloca para a sociedade como ilhas de exclusão espalhadas pelo estado, ao mesmo tempo que reproduz o autoritarismo, as contradições e desigualdades desta sociedade a que se fecha: competitividade e individualismo na escolha de cursos e na obtenção de diplomas; manifestações racistas, homofóbicas e machistas, presentes no cotidiano da vida universitária, são tidas como “normais”. Isso sem falar na estrutura de poder que se coloca a serviço de uma minoria iluminada, os professores titulares, na medida em que exclui a participação fundamental de estudantes, funcionários e da sociedade como um todo.
Se, por outro lado, estamos dentro da roda, queremos que ela se abra para a participação da sociedade deixada de fora: os estudantes da Universidade de São Paulo têm papel fundamental na transformação de sua estrutura e de sua função. A partir da nossa organização em torno do Movimento Estudantil (ME), assumimos a tarefa de discutir assuntos de interesse público. Não podemos nos furtar de discutir a relação que a USP estabelece com a sociedade que está fora da roda, muito menos de pensar as questões de quem está dentro.
Mas essa participação tem de seguir um princípio: se a vontade de transformação é "instintiva", a organização é coletiva. Se “pra tocar a multidão” é necessário que o som seja alto, pra dançar não podemos “fazer seleção”: nenhuma voz pode ser excluída da composição coletiva, nenhuma voz pode ser deixada de lado nesse processo.
E como pensar isso dentro do ME da USP?
Acreditamos que os Centros Acadêmicos (CAs) têm função privilegiada nessa dança. É nos CAs que se discutem as dificuldades e os problemas dos cursos e são essas pessoas que estão no dia-a-dia das contradições, das desigualdades, enxergando caminhos e pensando soluções, que têm condições de trazer mais e mais estudantes para esta roda. A integração entre os CAs é fundamental para que a dança tome conta da USP.
E, para que isso tenha conseqüência, precisamos repetidamente pensar as nossas atividades, assim como aconteceu no 8º. Congresso dos Estudantes da USP, espaço que abriu portas para novas discussões e contribuições de estudantes dos mais diversos cursos. Acreditamos que os fóruns do ME devem ser os norteadores de nossas ações, por apresentarem a possibilidade de que as mais diversas vozes sejam ouvidas.
Além disso temos outras questões postas para o próximo período: como fazer com que todos possam votar na eleição para reitor? Como enfrentar a apropriação do espaço público pelas fundações privadas? Como nos organizar para barrar a reforma universitária que o governo impõe, que vem para acentuar as desigualdades e contradições? Como integrar os estudantes do novo campus da Zona Leste? Como combater o racismo, a homofobia e o machismo? Como criar novos espaços artísticos e culturais na USP?
A essas (e muitas outras) perguntas não temos respostas nem fórmulas prontas, mas temos a certeza que só daremos conta delas a partir da organização e da formulação coletivas.
Acreditamos que a USP deva democratizar o acesso, voltar sua pesquisa para as necessidades da sociedade, garantir a permanência dos estudantes, gerida pela comunidade universitária.
Muito tem de ser melhorado e aperfeiçoado do que foi feito nesses dois últimos anos do DCE-Livre da USP. Muito tem de ser conquistado e alcançado. A irreverência e a disposição da juventude são elementos essenciais nessa dança, nessa roda. Principalmente se for organizada da maneira mais ampla e plural possível.
Como em uma ciranda, estamos dispostos a confiar na responsabilidade e disposição das outras pessoas; como em uma roda de capoeira, estamos prontos a estar no centro com a música tocada de fora. Se “o folclore é hardcore e ataca o nosso momento”, que se abra a roda e se amplie a dança.
Realmente acreditamos que o sonho da construção conjunta é possível e, mais do que isso, é necessário.
Por tudo isso, entendemos que o Diretório Central dos Estudantes-Livre da USP (DCE), entidade representativa dos estudantes da USP, tem muito a contribuir na construção dessa roda, e é com essa proposta que a chapa Instinto Coletivo se apresenta para as eleições da diretoria do DCE-Livre e da Representação Discente nos conselhos centrais da USP.
DCE-USP - Gestão Travessia